"Os repórteres do Jornal da Globo exploraram o mundo do trabalho e tentaram antecipar o que pode ser o emprego do futuro, em um mundo cada vez mais rápido, flexível e conectado. O trabalho transforma o mundo e o mundo transforma o trabalho. Se há alguma novidade nesta relação, é a velocidade da mudança. Saltos recentes na tecnologia e na gestão redefiniram as regras do jogo, queiram ou não os governos. O maior empregador dos Estados Unidos, uma rede de supermercados, ainda é uma empresa do século vinte. Cada funcionário sabe seu nível hierárquico, tem horário e local de trabalho bem definidos e salário fixo. No século vinte e um, tudo isso está desaparecendo. "Daqui a 50 anos, nós ainda vamos ter grandes empresas centralizadas, mas eu acho que a maioria das grandes companhias vai desaparecer ou vai mudar radicalmente", diz o professor do MIT, Thomas Malone, autor do livro "O futuro dos empregos".

Um dos exemplos é o maior site de leilões americano: 430 mil pessoas vivem apenas do que vendem na internet. Não têm chefe, trabalham quando querem, mas só ganham quando conseguem vender alguma coisa. Não são empregadas do site. Se fossem, este poderia ser considerado o segundo maior empregador dos Estados Unidos. A oferta é quase infinita: carros, roupas, equipamentos eletrônicos. Natham não largou o emprego tradicional: enfermeiro, mas descobriu que pode ganhar um bom dinheiro pela internet. Ele já vendeu até amendoim. “São mais de dois e quinhentos reais por mês”.

Ao longo da história, as mudanças tecnológicas sempre provocaram receio de que o homem seria substituído pela máquina. Não foi diferente com a internet, mas para o professor Malone não há o que temer: "Nos últimos duzentos ou trezentos anos, cada avanço tecnológico criou mais empregos do que destruiu. As pessoas são muito criativas para criar coisas novas para todos nós fazermos". As mudanças na tecnologia exigem saltos correspondentes na educação.

Mesmo quem lidera em crescimento no mundo precisa se adaptar. Há vinte anos, poucos imaginavam que a China seria hoje o chão de fábrica do planeta. O camponês comunista, um operário da globalização. A mão-de-obra farta e barata, capaz de com um mínimo de treinamento, operar as máquinas industriais. Mas um estudo da Unido, a organização para o desenvolvimento da ONU, aponta o fim da fase do "bom industrial" para breve. É o setor de serviços que vai crescer com mão de obra qualificada, com onze anos de estudo, e bom treinamento. Até 2020, 300 milhões de chineses devem trocar o campo pelas cidades. Por isso, na China rural, o estudo que sempre foi barato, mas pago, daqui pra frente vai ser de graça. Além disso, o governo investe pesado para melhorar a qualidade da educação. Na China, o emprego do futuro será de quem conseguir da foice direto para o computador. Potências européias se adaptam com graus diferentes de sucesso. Há quem ainda acredite ser possível nadar contra a corrente.

Na Inglaterra, os centros de procura de emprego acompanham os jovens entre 18 e 24 anos para ajudá-los no acesso ao mercado de trabalho. Não há contratos específicos para os jovens ingleses. Entre eles, hoje em dia, o índice de desemprego é de 13,8%, abaixo da média européia de 16% para essa faixa etária. Já do outro lado do canal da mancha, os franceses marcham na direção oposta. Contra a tentativa do governo de flexibilizar o mercado de trabalho e criar novos postos de emprego, estudantes e sindicalistas foram às ruas. Obrigaram o governo a recuar. Há três anos, a taxa de desemprego entre os jovens franceses varia entre 22 e 24% e chega a 50% na periferia das grandes cidades. Em 2000, a União Européia estabeleceu um objetivo para o ano 2010: tornar-se a economia mais dinâmica do mundo.

No meio deste caminho, o trem parece desgovernado. A produtividade é 12% menor que a dos Estados Unidos; há uma década essa diferença era de apenas 3%. Alcançar objetivo comuns, lidando com economias, culturas e interesses diferentes não é uma tarefa simples. No Brasil, trabalho também já não significa o mesmo que há vinte, trinta anos. No Brasil, os sindicalistas também torcem o nariz para uma reforma que poderia flexibilizar as leis trabalhistas: "Não é retirando décimo terceiro de um que você vai garantir o emprego do outro”, disse João Felício, presidente da CUT.

Mas o Brasil segue a onda mundial e não adianta nadar contra a corrente, adverte o consultor de empresas Ricardo Neves. "Você provavelmente vai perder o seu emprego, o seu filho não vai encontrar e o seu neto vai achar graça dessa história toda". Calma. O que deverá mudar radicalmente, segundo ele, é o conceito do emprego. "Aquele emprego no qual você trabalha 30 anos e aposenta no final provavelmente vai ficar no vocabulário do trabalho do século vinte”. O engenheiro Fernando Neme montou um escritório em casa. Para tentar ganhar mais, arriscou viver sem benefícios como o FGTS e férias remuneradas. “Meu pai veio de uma geração que tem todos esses benefícios, eu cresci vendo isso, agora não sei como vai ser meu futuro, realmente é um momento de mudança preocupante”. Em alguns setores, é a automatização que impõe mudanças no trabalho. Em 1986, a indústria metalúrgica empregava 157 mil trabalhadores.

Produzia um milhão de veículos. Em 2004, com ajuda de robôs, 101 mil operários montaram dois milhões e duzentos mil veículos. As exigências se multiplicaram e cresceu o número de pessoas com curso superior nas linhas de montagem. Mas no futuro, só especialização não será suficiente. O trabalhador deverá se capacitar para desenvolver várias atividades ao longo da vida. No Brasil, segundo os especialistas, cerca da metade dos trabalhadores está na informalidade. Mas as dificuldades do mercado de trabalho fazem com que o brasileiro tenha uma capacidade especial para se adaptar a mudanças. O que pode ser bom para enfrentar a competição em um mundo globalizado. “Dependendo da forma com que a gente vê essas transições que a gente vai fazer em direção ao futuro, a gente pode ver mais oportunidades do que risco e incertezas", conclui o consultor.

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O atual presidente do Conselho de Comércio Exterior da FIESP, Rubens Barbosa, falou sobre a expropriação da Petrobras na Bolívia. "

Jornal da Globo: Pode-se dizer que o que a Bolívia fez hoje com o brasil é uma agressão? Rubens Barbosa: Nós temos que examinar. Como o presidente da Petrobras disse, não há ainda muitas informações, mas efetivamente depois de todos os entendimentos mantidos pelo presidente Lula com Evo Morales, com Kishner, com o próprio Hugo Chavez, foi uma surpresa para o governo brasileiro. Não para os que estavam acompanhando e sabiam que alguma coisa drástica iria acontecer. Fica um desafio forte para o governo brasileiro de como responder a esta medida de nacionalização.

Jornal da Globo: Na semana passada, uma delegação da Bolívia esteve no Brasil, negociou com a Petrobras e uma delegação chefiada pelo secretário-geral do Itamaraty foi a La Paz e voltou dizendo que estava tudo em ordem.

Rubens Barbosa: Nós não sabemos o que eles conversaram, mas deve ter havido uma informação sobre o que ia se passar ou uma posição do governo para evitar o pior. Não foi possível evitar o pior. O problema que surge agora é saber se vai haver expropriação ou nacionalização. A nacionalização significa aplicação da lei vigente na Bolívia e a indenização para as empresas que foram afetadas. Será que eles vão fazer isso?

Jornal da Globo: Seja uma, seja outra. Não há registro de um ato deste tipo praticado por um governo de um país vizinho contra o Brasil. Independente do que a Petrobras fizer ou for obrigada a fazer, como o senhor acha que o governo brasileiro deveria reagir?

Rubens Barbosa: O governo brasileiro está diante de um fato consumado, de difícil tratamento, porque, até agora, o presidente e os ministros têm mostrado uma solidariedade irrestrita ao presidente Morales. Agora, diante desse fato, se coloca a maneira como o governo vai defender o interessa nacional. Alguma coisa concreta deve ser feita, porque a medida é drástica. Não vai haver indenização porque não há recursos na Bolívia, para fazer a indenização e isso vai exigir um tratamento muito direto do governo para assegurar a defesa dos interesses da empresa estatal brasileira.

Jornal da Globo: Evo Morales tem como ídolo Fidel Castro e sabe-se que é assessorado diretamente pelo presidente da Venezuela. Isso significa que o Brasil perdeu sua posição de líder na América do Sul ?

Rubens Barbosa: A liderança não se proclama, ela se exerce e, no caso, o governo brasileiro tem que exercer essa liderança hoje para evitar que essa medida que foi tomada hoje se repita em outras áreas, a Venezuela é outro caso possível, porque essa insegurança política que está sendo criada vai ter efeito para todo continente, inclusive sobre o Brasil.

" PERGUNTA : O QUE A PETROBRÁS PRETENDE FAZER JURIDICAMENTE SOBRE A QUESTÃO? EXISTE ALGUM CASO SEMELHANTE? NA VERDADE TROUXERAM O CARA COMO FONTE E ELE NÃO DISSE MUITO MAIS COISA, ALÉM DO QUE A MATÉRIA JÁ DIZIA,O QUE JÁ ERA POUCO...

"Segunda-feira, 01 de Maio de 2006

Imigrantes nas ruas No Dia do Trabalho, greve. Os imigrantes ilegais resolveram mostrar aos Estados Unidos o quanto são importantes para o país. O chef, o cozinheiro e seus assistentes simplesmente não foram trabalhar e os donos do restaurante tiveram que botar as mãos na massa. "Uma anistia para os imigrantes? Seria ótimo, o país não funciona sem eles", diz o empresário.

Era exatamente isso o que eles queriam mostrar no Primeiro de Maio. Com a ausência do trabalho e com a presença nas ruas, em Nova York, os imigrantes chamaram a atenção ocupando o coração de Manhattan. Na Union Square, lá estavam eles. Africanos, asiáticos, latinos, com suas famílias e uma imensa vontade de ficar no país. "Se eles legalizassem uma boa parte das pessoas que estão aqui há bastante tempo seria uma solução para o país e para os imigrantes", diz um imigrante.

É o que exigem os quase 12 milhões de imigrantes ilegais que boicotaram o trabalho e as compras para mostrar a importância da mão de obra que vem de fora. Foi assim em Nova York, em Washington, em Chicago e, na maior das manifestações, meio milhão de pessoas nas ruas de Los Angeles. Pressão sobre o congresso que está discutindo se dá anistia ou se endurece contra os imigrantes ilegais e seus empregadores. Dispostos a derrotar adversários que se encontram tanto entre democratas quanto entre republicanos, eles erguem a voz e dão ao hino americano uma versão na língua latina, que já é falada por 41 milhões de habitantes dos Estados Unidos. "

PERGUNTAS: E COMO O GOVERNO AMERICANO REAGIU? QUANTO A MÃO - DE - OBRA ILEGAL MOVIMENTA NOS EUA? QUANTO SE PERDEU COM A MÃO-DE-OBRA PARALISADA?

MATÉRIAS SUPERFICIAIS É ELOGIO!

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